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DESCASO: Maior hospital de urgência do RN respira por aparelhos e sem sedativo

Written By BLOG DO WOLNEY ERICK on sábado, 6 de julho de 2013 | 11:46


Segue o calvário da Saúde no Rio Grande do Norte. A mais nova bomba jogada no colo do povo é o pedido de exoneração feito por cinco cardiologistas da Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, alegando a total falta de condições de trabalho. Segundo os profissionais da saúde, os problemas da unidade são crônicos e vêm se arrastando há décadas, mas chegaram a um ponto crítico a partir de 2010. Eles alegam que tentaram marcar reuniões com a Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) por diversas vezes, para que se tentasse chegar a um acordo, mas nunca foram atendidos.
Um dos médicos a pedir demissão foi o coordenador da UTI Cardiológica do hospital, George Fonseca. “Não existe a menor condição de continuarmos exercendo a Medicina dessa maneira, sem um mínimo de estrutura, sem medicamentos, sem leitos. A situação chega ao absurdo de termos de escolher um paciente entre dez para fazer o atendimento, por conta da falta de espaço, sendo que todos requerem medidas urgentes. Impossível trabalhar dessa maneira”, afirma, indignado, o coordenador.
De acordo com uma das médicas que permanecem no quadro, Marília Afonso, o sentimento de insatisfação é geral. “Nós apoiamos a decisão dos colegas que pediram afastamento, todos nós estamos revoltados com a situação. Os que ficaram só fizeram isso por já terem muito tempo de serviço e estarem próximos da aposentadoria”, explica. “Aqui no Walfredo nós temos que trabalhar como médicos e ainda resolver assuntos de setores administrativos e de assistência social. É um absurdo!”, ressalta Marília Afonso.
Um dos profissionais a deixar o quadro de funcionários da Sesap, Luciano Pilla, explica que a decisão não foi tomada arbitrariamente. “Não decidimos isso de uma hora para a outra, são anos de descaso, de abandono. Existem goteiras e infiltrações dentro da UTI, falta medicamento, não temos aparelhos para realizar exames de ecocardiograma, nem de raio-X. A própria instalação da UTI é deficitária, pois existem duas áreas completamente separadas, o que impossibilita o monitoramento simultâneo e contínuo de todos os pacientes. Nós já interditamos leitos mais de uma vez, por falta até de segurança para os pacientes. Exercer a Medicina sob essas condições é inviável”, desabafa Pilla.
George Fonseca conta, ainda, que a equipe de cardiologia do Walfredo Gurgel era formada, até agora, por nove médicos, sendo ele na coordenação e mais oito plantonistas. Com a iminente saída dos cinco que solicitaram desligamento – os doutores Luciano Pilla, Rodrigo Sousa, George Fonseca, Cristiane Pita e Stefferson Duarte – e mais a aposentadoria de um dos profissionais, Antônio Tomás, a situação atinge a um nível crítico. “A decisão é definitiva, já tentamos resolver o problema de todas as maneiras possíveis, mas não obtivemos respostas por parte da Secretaria de Saúde. O curioso é que bastou nós divulgarmos o pedido de exoneração para o Secretário anunciar que havia uma reunião marcada para hoje (5). Só que nem nós sabíamos disso ainda”, finaliza.
Apesar das declarações, logo após a entrevista, os médicos foram recebidos pelo titular da Sesap, Luiz Roberto Fonseca, para debater os pontos de reivindicação da classe junto à Associação Médica do Estado, que tenta intermediar a situação. Foi feita uma solicitação aos médicos para que a decisão fosse reconsiderada, e, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria, acertou-se que a palavra final será dada semana que vem. A Sesap garante que, independente da repercussão do caso, a UTI Cardiológica do hospital continua em funcionamento e que as escalas estarão mantidas até o final do mês.
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