Força-tarefa não consegue reduzir casos de assassinatos em Macaíba

A  força tarefa desencadeada na cidade de Macaíba, região metropolitana de Natal, em 12 de outubro, para o combate ao crime não vem dando resultado quando o assunto é assassinato. Este ano, Macaíba já registra 101 homicídios. Isso somente até o início da tarde de ontem. Eram 79 homicídios no início da força-tarefa.

Alberto LeandroDelegado Normando Feitosa reclama do baixo efetivo policial

Para o delegado titular de Macaíba, Normando Feitosa,  além do déficit de estrutura e de efetivo da delegacia, um complicador é a falta de comunicação entre as autoridades da segurança pública no Rio Grande do Norte. Segundo ele, as informações dos gestores da pasta não chegam às delegacias, o que na sua opinião fragiliza o combate à criminalidade. 

Normando citou um exemplo: ontem ele nem chegou a ser avisado com antecedência a respeito da Operação “Avante”, desencadeada durante a noite de ontem pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesed) no município com o objetivo de conter a onda de violência em Natal e Região Metropolitana. “Eu nem estava sabendo dessa operação”, destacou o delegado.

O fato é que enquanto o poder público não se entende, pessoas continuam a perder vidas, em Macaíba. O 100º teve como vítima o menino Cleyton Osório dos Santos Mendes, 9 anos, morto na noite da última quinta-feira, usado como “escudo” humano por um jovem que fugia de criminosos. 

Segundo o delegado Feitosa, que assumiu a titularidade da Delegacia de Polícia de Macaíba há pouco mais de 60 dias, já com 79 homicídios. Em Macaíba são 14 agentes e duas viaturas a disposição da Polícia Civil, número insuficiente na visão de Feitosa. Para ele, o ideal seriam 25 policiais civis e quatro viaturas para as investigações de crimes. 

Normando Feitosa diz ainda que “apesar das dificuldades” desde que chegou já conseguiu prender nove pessoas suspeitas de  envolvimento com pelo menos 20 assassinatos, em Macaíba. No entanto, o delegado reclama da falta de estrutura e que não está recebendo o apoio devido do Estado. “Só aceito cobrança da sociedade. Não tenho as mínimas condições de trabalhar aqui”, criticou o delegado. 

A ascensão do crime em Macaíba preocupa o delegado. O caso de número 101 foi o assassinato do mecânico de motos Jandicleib Targino do Nascimento, 26 anos, morto na rua Manoel Ferreira, em Lagoa do Sítio I. Ocrime ocorreu instantes depois do assassinato do estudante Cleyton Osório dos Santos Mendes, de 9 anos, a 100ª vítima da criminalidade na cidade. O menino foi morto a tiros, na noite da quinta-feira, no bairro Campo de Santa Cruz quando voltava para casa, após comprar sair de uma padaria. 

Era por volta das 18h30 quando uma dupla armada em uma motocicleta começou a perseguir José Carlos Lopes Jerônimo, 18, que fugia pelas ruas do bairro. Na rua Valdir Azevedo, a perseguição passou por Cleyton. O fugitivo, quando viu o garoto, agarrou-o na tentativa de escapar das balas. Entre três e cinco disparos foram feitos na direção dos dois. Cleyton foi o mais atingido, recebendo três dos tiros disparados.

José Carlos foi atingido superficialmente na axila direita. Levado para o Hospital Deoclécio Marques, recebeu atendimento e em seguida foi preso. Ele já tinha passagem pela polícia por porte e tráfico de drogas, além de tentativa de homicídio, segundo o delegado de Macaíba. Após o crime, os integrantes da moto fugiram. Segundo a polícia, ao ser preso, José Carlos teria dado os nomes dos autores dos disparos. A polícia espera encontrar os suspeitos o mais rápido possível.

Déficit
A Delegacia de Polícia de Macaíba conta com duas viaturas para cobrir uma área de 520 km². O déficit de pessoal e a falta de estrutura adequada também atingem a Polícia Militar. O 11º BPM, responsável pelo policiamento em cinco cidades, funciona num galpão de um posto de gasolina. A população assistida é estimada em 300 mil pessoas. O número de policiais disponíveis é de 300