Os estudantes conquistaram o prêmio de 30 mil no Caldeirão do Hulk e colecionam outras premiações no Brasil e no mundo.
Arquivo pessoal
Os jovens já foram para São Paulo, Rio Janeiro, Fortaleza e até México. Em 2016 vão para Romênia, mais um país para currículo dos dois.
O que começou como projeto de Feira de Ciências da escola se transformou em um verdadeiro campeão de prêmios em mostras e feiras de tecnologia. O Crab (caranguejo, em inglês), como ficou conhecido, é um veículo adaptado a cadeirantes para mobilidade em praias.
Iago Souza e Maraysa Araújo são alunos do curso técnico em Eletrônica do IFRN Campus Natal - Zona Norte. Eles conquistaram recentemente o prêmio de 30 mil reais no quadro Jovens Inventores do Programa Caldeirão do Huck. Mas a trajetória de sucesso começou bem antes dessa premiação.
“Tudo começou com um veículo simples movido a energia solar que não tinha nenhuma aplicação na sociedade. Então pensamos em pegar esse veículo e aplica-lo à sociedade”, esclarece Iago.
O jovem acrescenta que só conseguiu enxergar o potencial do projeto depois que participou de um megaevento no Rio Grande do Sul. “Naquela feira contemplamos vários tipos de projetos com finalidade para ajudar grupos de pessoas. Agricultores, pescadores, e quando voltamos, retornamos com outras ideias”, disse.
Depois de conversar muito com colegas, professores e parceiros, Iago explica que decidiu dar um passo que mudaria toda a história de sua vida. “Cheguei para um conhecido meu que era cadeirante e perguntei a dificuldade que ele encontrava para ir à praia. Ele não me deu uma resposta, me deu uma solução”, conta.
O veículo foi idealizado e produzido como resultado de uma pesquisa desenvolvida graças à parceria do IFRN com a Universidade Petrobras, através do Programa de Formação de Recursos Humanos (PFRH).
Segundo Maraysa, a responsabilidade diante da ideia ficou maior depois da participação no programa do Caldeirão do Hulk. “Hoje nós sentirmos uma grande responsabilidade em construirmos o produto final, tem muita gente acreditando na gente e nós queremos ver funcionando. Precisamos agora de empresas, de pessoas que acreditem também nesse projeto”, enfatiza.
No quadro, os jovens foram avaliados por uma banca de três jurados, responsáveis por atribuir notas de 1 a 10 ao Crab. Para felicidade da equipe, o mini-protótipo recebeu nota máxima dos avaliadores.
Iago relata que a felicidade foi tão grande, que pela primeira vez ele viu o pai chorando. “Nunca tinha visto meu pai chorar, foi a primeira vez. E por causa do Crab, pelo do sucesso do projeto, por eu ter chegado onde cheguei, vi ele emocionado como nunca antes”, detalha.
De acordo com Iago, uma parte do dinheiro será utilizada nos estudos, a outra parte será investida no projeto.
O professor João Teixeira, um dos orientadores do projeto tem na ponta da língua a receita do sucesso do Crab. “O projeto é composto por uma série de disciplinas básicas que os alunos aprendem no curso de Eletrônica. Ele junta três coisas muito importante: conhecimentos de disciplinas básicas, inovação tecnológica na aplicação do conhecimento e um viés social, por isso tem colhido bons frutos”, afirma.
João conta que os planos para o próximo ano é fazer com que o projeto deixe de ser protótipo e se torne realidade. “Pretendemos colocar o Crab nas praias até as paraolimpíadas. Já temos apoio financeiro, é um sonho até um pouco distante, mas vamos nos esforçar pra conseguir”, conclui.
Festival de prêmios
Para chegar até o quadro Jovens Inventores, o grupo acumulou premiações por onde passou. O primeiro prêmio veio com o quarto lugar em uma das principais mostras científicas do Brasil, a Mostratec, realizada em outubro do ano passado em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Dias depois, a equipe conquistou o primeiro lugar da categoria Engenharia na Mostra de Ciência e Tecnologia da Zona Norte de Natal, a MOCITECZN, promovida pelo Campus Natal - Zona Norte do IFRN. "Foi onde realmente a gente viu que o nosso projeto tinha tudo para dar certo", acrescenta Iago.
A primeira colocação na mostra local rendeu aos alunos o credenciamento para a IX edição do Concurso Latino-Americano de Projetos de Computação, realizado no mês de março na Universidade Autônoma de Guadalajara, no México. Na exposição obtiveram o primeiro lugar da categoria Robótica e outro credenciamento, desta vez para a Infomatrix, mostra tecnológica que será realizada na Romênia em 2016.
Um mundo de possibilidades
Iago e Maraysa estão apenas no começo da carreira, eles pretendem ir além. Mas o caminho já percorrido traz em seu histórico viagens importantes, no Brasil e no Mundo. Eles já foram para São Paulo, Rio Janeiro, Fortaleza e até México. Em 2016 vão para Romênia, mais um país para currículo dos dois.
Foi em uma dessas viagens que a jovem Maraysa conheceu o espanhol, língua que ficou na memória e no coração. “A primeira feira que a gente participou minhas colegas de quarto eram colombianas e fiquei revoltada por não saber espanhol. Comecei a gostar do idioma e até hoje tenho contato com elas e com outras pessoas. Pretendo fazer curso superior em Letras em Espanhol”, revela.
Depois de virarem notícia, conquistarem os amigos, familiares e uma legião de admiradores, os dois jovens sabem bem qual o próximo passo dessa linda novela da vida real: “Incentivar os colegas a levarem suas ideias adiante”, afirmam os dois quase em sintonia de pensamento.
“Sempre vai ter alguém que vai acreditar nos seus sonhos”, finaliza Maraysa sorrindo.
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