Presidente disse que revista manipula informações, e que vai à Justiça defender-se.
Zero Hora
Ricardo Duarte/Agencia RBS
Aécio Neves e Dilma Rousseff trocam farpas em último debate antes do 2º turno, na Rede Globo.
Diante de milhões de espectadores, os candidatos à Presidência da República travaram nesta sexta-feira (24), nos estúdios da TV Globo, no Rio, o último e decisivo confronto antes da votação de domingo.
Frente a frente, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) dividiram o palco em forma de arena e partiram para o tudo ou nada. Voltaram a se atacar, com direito a tiradas irônicas e a lapsos de nervosismo.
A tensão esteve presente do início ao fim, amplificada pelas pesquisas divulgadas nos últimos dias e pela radicalização das posições políticas nas redes sociais e nas ruas. Quando posaram para fotógrafos antes do início do programa, ambos trocaram cumprimentos constrangidos. Repetiram o gesto a pedido dos profissionais sem muita convicção. E foi só. Mal se olharam.
Nem a presença de 70 eleitores indecisos, selecionados pelo Ibope para fazer perguntas, amenizou o clima de guerra. O tom agressivo ficou claro já na primeira questão, elaborada pelo ex-governador de Minas.
Sem desviar os olhos da adversária, Aécio afirmou que a atual campanha entrará para a história “como a mais sórdida já feita” e acusou o PT de atacá-lo. Depois, citou a revista Veja desta semana, que traz uma reportagem com declarações atribuídas ao doleiro Alberto Youssef contra Dilma e o ex-presidente Lula. Conforme a revista, cuja publicação foi antecipada em um dia, os dois teriam conhecimento dos supostos desvios ocorridos na Petrobras.
Visivelmente irritada, a petista rebateu com firmeza. Acusou o periódico de fazer oposição sistemática a seu governo e sugeriu que uma tentativa de “golpe eleitoral” estaria em curso.
"O povo não é bobo, candidato. O povo sabe que está sendo manipulada essa informação, porque não foi apresentada nenhuma prova. Eu irei à Justiça para me defender", disse Dilma.
Aécio retrucou lembrando que, quando alguém opta pela delação premiada, como fez Yousseff, sabe que só terá benefícios “se apresentar provas”.
A corrupção voltou ao centro da discussão em vários outros momentos, em diferentes perguntas. Um deles ocorreu quando a assistente de compras Adriana Pereira dos Santos, 40 anos, quis saber o que os concorrentes planejam para acabar com os desvios de verbas públicas. Adriana era uma das eleitoras presentes sem voto definido.
Caminhando no cenário, Dilma reconheceu que “a lei é branda”. Em seguida, enumerou cinco medidas de combate à impunidade que pretende adotar se for reeleita e disse ter orgulho da autonomia da Polícia Federal.
Na réplica, Aécio criticou a rival por não ter colocado as ações em prática antes e concluiu sua fala com uma frase que arrancou aplausos dos apoiadores – e protestos do mediador William Bonner.
"Adriana, existe uma medida para acabar com a corrupção: vamos tirar o PT do governo", afirmou o mineiro, virando as costas para Dilma.
A candidata reagiu, afirmando que “quem fala é o representante do partido que tinha a prática de engavetar tudo quanto era investigação”.
"Isso levou o Brasil a ter um conjunto de julgamentos que ninguém nunca viu, nem deu fé", concluiu Dilma.
Nos bastidores, o burburinho tomou conta da sala de imprensa, onde mais de uma centena de jornalistas acompanhava o programa. Foram duas horas de embate sem trégua. O único momento de descontração ocorreu quando Dilma se atrapalhou ao conversar com um eleitor indeciso e o chamou de candidato. Os jornalistas caíram na gargalhada.
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