No quarto e último debate do segundo turno da disputa presidencial, realizado pela Rede Globo, na noite desta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), vão tentar atrair os votos dos eleitores indecisos – que farão perguntas aos dois candidatos no programa. O debate começa às 22h10, e tem duração prevista de uma hora e 50 minutos, dividido em quatro blocos.
As duas pesquisas de intenção de voto divulgadas na quinta-feira mostraram Dilma à frente de Aécio, pela primeira vez, fora da margem de erro. O Ibope indica 8 pontos de vantagem para a petista (49% a 41%), sendo que 7% dos entrevistados não souberam dizer em quem votariam. Para o Datafolha, a diferença é de 6 pontos percentuais (48% a 42%), com 5% de indecisos.
Dilma deve se concentrar nas realizações de seu governo e em propostas para um segundo mandato, além de explorar aspectos negativos do governo Fernando Henrique Cardoso e da gestão de seu adversário Aécio Neves (PSDB) como governador de Minas Gerais. A expectativa é que os ataques pessoais sejam deixados de lado, depois que pesquisas mostraram a desaprovação do eleitorado.
A preocupação maior da presidente é não cometer erros que prejudiquem sua votação. O debate da TV Globo é considerado uma das principais atividades de campanha no segundo turno, tanto pela audiência quanto pela proximidade da eleição. Dilma começou a sexta-feira disparando contra a revista “Veja” por publicar declarações atribuídas ao doleiro Alberto Yousseff, de que ela e Lula sabiam dos desvios de recursos da Petrobras, investigados na Operação Lava-Jato.
A preparação da presidente para o debate começou na quinta-feira. Hospedada em um hotel no Rio, a presidente treina perguntas e respostas com o marqueteiro João Santana, ministros e assessores. Uma de suas principais auxiliares nessas ocasiões é a chefe do gabinete-adjunto de informação da Presidência da República, Sandra Brandão, que compila os dados do governo e elabora fichas para Dilma, que adora números, consultar.
No segundo turno, no entanto, Dilma parou de citar tantos números e estatísticas durante os debates e também reduziu a consulta a papéis. A avaliação em sua campanha é que seu desempenho melhorou, que ela passou a falar com mais desenvoltura e a demonstrar mais segurança.
Desde o último debate, na TV Record, Dilma passou a separar dois dias, em vez de um, para sua preparação. A mudança na rotina coincide com demonstrações de cansaço da presidente, que passou mal após o debate do SBT, na semana passada
O presidente do PT, Rui Falcão, disse que a partir das 16h a candidata faz os últimos preparativos para o debate. Ele e toda a comitiva da presidente estão em um hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ali, Dilma e os coordenadores de campanha Miguel Rossetto e Aloizio Mercadante, além do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo estão hospedados. A estratégia para o encontro desta noite, segundo Falcão, é um debate propositivo.
Com foco nos indecisos, que segundo pesquisas da campanha estão “cansados” da pancadaria da campanha, Aécio Neves vai centrar sua participação nas propostas de seu programa de Governo, segundo integrantes de sua campanha. Preparado para alguma “pegadinha” da presidente Dilma Rousseff, o tucano só vai revidar se provocado. A estratégia é se sair bem no debate decisivo para atrair os indecisos e motivar os militantes para o sábado e domingo.
As pesquisas internas encomendadas nesta sexta-feira para definir a estratégia do último programa de TV e a participação de Aécio no debate mostraram que 83% dos eleitores do tucano dizem que não mudam o voto de jeito nenhum; 84% dos eleitores de Dilma também não mudarão seu voto; 1% tem grande chance de mudar e 4% alguma chance de trocar de candidato e 10% ainda estão indecisos mas não querem troca de farpas ao invés de propostas.
— Aécio terá uma participação leve e propositiva, mas estará pronto para reagir a alguma pegadinha de Dilma — diz um dos coordenadores da campanha.
Os coordenadores da campanha tucana acham que o modelo do debate da TV Globo favorece o desempenho de Aécio, que poderá circular, caminhar entre as pessoas e mostrar confiança.
— Aécio vai jogar toda a sedução dele, ele tem uma ginga, fica mais a vontade nesse ambiente com pessoas. E o tempo é mais curto para perguntas, evita muito discurso. O debate dificilmente vai mudar votos, mas vai definir o clima nos dois últimos dias. Se ele se sair bem a turma vai com mais ânimo para as ruas nos eventos mais importantes da véspera da votação — prevê um dos coordenadores.
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